Este artigo sobre o futuro da Inteligência Artificial foi escrito por Carla Vieira em parceria com Revelo UP, o programa de financiamento de cursos em tecnologia da Revelo.
Há décadas, cientistas da computação vêm buscando fazer com que máquinas aprendam como humanos. Acredita-se que a história da inteligência artificial teve início após a Segunda Guerra Mundial.
Em 1943, Warren McCulloch e Walter Pitts apresentaram um artigo inédito propondo um modelo matemático de estruturas de raciocínio artificiais que imitava o nosso sistema nervoso. Em 1950, Claude Shannon apresentou um estudo sobre como programar uma máquina para jogar xadrez.
Também em 1950, Alan Turing desenvolveu o teste de Turing: uma forma de avaliar se uma máquina consegue se passar por um humano em uma conversa por escrito. Já em 1956, o cientista da computação John McCarthy cunhou o termo Inteligência Artificial como “a ciência e a engenharia de fazer máquinas inteligentes.”
Podemos considerar que esses primeiros estudos sobre IA apresentam uma visão instrumentalista dessa tecnologia.
Segundo FEENBERG, essa visão entende a tecnologia como nada mais do que uma ferramenta para atividades humanas, que é neutra e vista como progresso e desenvolvimento.
Mas o que seria realmente Inteligência Artificial?
Um dos livros mais famosos sobre o assunto “Inteligência Artificial: Uma Abordagem Moderna”, escrito por Stuart Russell e Peter Norvig, define a IA como “a construção de agentes inteligentes que recebem informações do ambiente e executam ações que afetam esse ambiente.”
Uma transformação na capacidade de processamento dos computadores, junto a um aumento gigantesco de dados e avanços nos algoritmos contribuíram para a revolução do uso de Inteligência Artificial.
Hoje, todos nós estamos cada vez mais sendo vigiados e tendo dados pessoais coletados, analisados, processados e utilizados por esses algoritmos para rastrear nosso comportamento online e aprender nossas preferências.
De forma que ela não mais apenas joga xadrez, como coleta terabytes de dados de milhões de usuários de todo o mundo e aprende com eles, através de algoritmos de aprendizado de máquina, de uma forma que nós humanos nem sonhamos fazer.
Ainda que muitos estejam convencidos de que algoritmos de recomendação e redes sociais devam permanecer como ferramentas, que meramente manipulam os dados inseridos: o Teste de Turing demonstra que a forma como respondemos e o que fazemos a partir dessas manipulações que nos são oferecidas, também faz diferença.
Em outras palavras, não importa se consideramos que a máquina é inteligente ou não, o comportamento que ela exibe afeta diretamente nossas interações sociais, opiniões políticas e como enxergamos o mundo ao nosso redor.
Nesse sentido, a Teoria Crítica da Tecnologia (Feenberg, 1991) considera que a tecnologia está inserida de tal forma na sociedade, moldando estilos de vida, que já não é possível tratá-la como um fenômeno isolado da dinâmica social.
Como a tecnologia que criamos modifica as dinâmicas da sociedade e toda uma geração?
A IA não tem sido utilizada apenas para decidir quais produtos queremos comprar ou recomendar quais séries vamos maratonar no fim de semana. No mundo todo, ela está sendo usada para recrutamento, cálculos de pontuação de crédito e até para auxiliar decisões judiciais.
Mas esses algoritmos são maduros o suficiente para assumir as responsabilidades de suas decisões?
Já são muitos os exemplos de algoritmos que reproduzem discriminação por raça ou gênero. Se o modelo de Inteligência Artificial é treinado com um conjunto de dados que não representa a população e a diversidade que existe no mundo, os dados farão com que ele faça inferências generalistas e reproduza preconceitos existentes.
Se a tecnologia quiser ajudar na política e na construção de uma sociedade mais justa, ela tem que ser aberta e transparente. Somente assim qualquer pessoa do mundo pode ver como essa inteligência artificial está sendo feita.
No entanto, grande parte dos algoritmos de Inteligência Artificial são o que denominamos de caixas-pretas (ex.: Redes Neurais) – já que a maneira como processam os dados para gerar as predições podem incluir milhares de parâmetros.
Dessa forma, por mais que tenhamos conhecimento sobre os dados que são utilizados para treinamento e as decisões daquele modelo de IA específico, em muitos casos, é difícil para nós humanos entendermos toda a lógica complexa realizada pelo modelo.
Por isso, tem se tornado cada vez mais importante entendermos como esses algoritmos funcionam e suas limitações para que eles sejam dignos de nossa confiança.
Mas, mesmo que seja possível desenvolver um sistema absolutamente confiável, existem dilemas éticos que os desenvolvedores precisam ter em mente ao projetá-lo.
É necessário aumentar a consciência das limitações da IA, bem como agir coletivamente para garantir que a IA seja usada para o bem comum, de maneira segura, confiável e responsável.
Isso nos leva a pensar quem são as pessoas que, hoje, estão desenvolvendo ou estudando Inteligência Artificial?
Uma pesquisa de 2018 do Fórum Econômico Mundial mostra que apenas 22% dos profissionais de IA, globalmente, são mulheres.
Podemos pensar que vivemos em uma “sociedade algorítmica” (O’NEIL, 2016) que incorpora novas tecnologias em seu cotidiano sem ter uma visão crítica sobre elas, enxergando somente do ponto de vista da utilidade, sem pensar como os conceitos de meritocracia e vigilância são automatizados e consolidados em caixas-pretas que ainda não se tem acesso.
O que precisamos fazer para melhorar a IA é trazer pessoas de todas as origens. Precisamos de pessoas que resolvam problemas.
Pessoas que encarem diferentes desafios, que nos digam quais são os problemas que precisam de soluções e que nos ajudem a encontrar maneiras da tecnologia realmente corrigi-los.
O que podemos esperar do futuro?
Apesar de uma grande revolução da Inteligência Artificial ter ocorrido nos últimos anos, o que temos hoje é o que chamamos de “IA Fraca”. As máquinas executam tarefas bastante específicas, como reconhecer rostos em imagem, fazer cálculos para prever preços ou jogar xadrez.
Já a criação de uma Inteligência Artificial Genérica tem sido um dos grandes desafios da área de computação. A IA genérica vem daquela ideia de máquinas capazes de refletir, abstrair, tomar decisões, aprender e agir em diferentes contextos como nós humanos já fazemos.
Um exemplo é a Sophia, uma robô que chegou a receber cidadania da Arábia Saudita. A robô, construída pelo engenheiro David Hanson, é capaz de reproduzir expressões faciais, falar e manter um bom nível de conversação.
Segundo Kurzweil, um inventor e futurista norte-americano, a singularidade — o momento no tempo em que a inteligência artificial ultrapassará a inteligência humana — acontecerá até 2045.
Acredito que o cenário distópico de filmes de ficção científica de Hollywood pode ainda estar muito longe de vir a se tornar realidade. No entanto, em todo o mundo, temos preocupações mais urgentes para tratar e construir a realidade que queremos.
As máquinas irão tirar nossos empregos?
Mesmo que alguém duvide da possibilidade de um dia o que é chamado de “IA Genérica” ser atingida, o fato é que nosso mundo já é cercado por máquinas inteligentes, bots, algoritmos capazes de aprender e sistemas de tomada de decisão autônomos que afetam diariamente as nossas vidas.
Vivemos buscando aprimorar tecnologias: seja para nos entender, desafiar nossas crenças ou para criar o que acreditamos que seja uma sociedade melhor. Historicamente vimos máquinas substituindo trabalhos humanos desde a primeira revolução industrial.
Mas, isso também gerou empregos que antes desse período não existiam. Esse ciclo de perda e criação de novos empregos tem se repetido ao longo das décadas.
No sistema em que vivemos, conseguimos ver que empresas têm utilizado Inteligência Artificial justamente para cada vez mais otimizar o trabalho e lucrar com isso. Em muitos casos, robôs são mais econômicos que humanos, mas nem sempre tomam melhores decisões que as nossas. É sempre uma questão de custo.
Olga Russakovsky, professora de ciência da computação na Universidade de Princeton, acredita que: “A realidade é que há ainda muito dinheiro fácil para se ganhar com Inteligência Artificial.”
Estamos vivendo uma nova revolução e vendo novos empregos surgirem e empresas apostarem em times interdisciplinares (Sociólogos, Cientistas de dados, Antropólogos etc) para desenvolvimento de Inteligência Artificial.
Nesse sentido, uma preocupação comum que vou deixar para vocês pensarem é quem são as pessoas que estarão capacitadas para assumir esses novos empregos tecnológicos que estão surgindo.
Países como Brasil ainda irão enfrentar uma grande crise nesse sentido, na educação tecnológica que ainda não existe nas escolas e na formação desses profissionais do futuro.
Inclusive é para tentar dar conta dessa demanda que nasceu o Revelo UP, um programa de financiamento de cursos para áreas de tecnologia, que está patrocinando este artigo.
Cada vez mais, a sociedade precisará ter maior capacidade de avaliação dos riscos tecnológicos e senso crítico. É também necessário que os estudantes de ciências e engenharia recebam treinamento em ética que lhes permitam compreender melhor as implicações sociais das tecnologias que estão desenvolvendo.
Somente quando investirmos em educação, alcançaremos uma sociedade que pode desfrutar das vantagens da Inteligência Artificial e, ao mesmo tempo, minimizar os riscos.
Eu acredito que temos que fugir da utopia da tecnologia fazendo tudo por nós e da distopia das máquinas destruindo a humanidade como nos filmes de Hollywood.
Somente o tempo dirá se as previsões de Kurzweil estão realmente corretas ou se o futuro tem outros planos para a humanidade.
Enquanto não chegamos lá, temos que refletir como a inteligência artificial já tem impactado nossas vidas, tanto para nosso bem, quanto para automatizar o status que reproduz preconceitos existentes.
O futuro da Inteligência Artificial ainda está sendo escrito por milhares de pessoas em todo o mundo, que buscam criar sistemas mais justos e transparentes.
Mas, e você, também quer ajudar a escrever essa história? Se sim, qual será o seu papel?
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