Mês da Mulher: Débora Fernandes, engenheira de software

Entrevista Mês da Mulher

Em comemoração ao Mês da Mulher, confira a entrevista sobre os desafios da carreira de tecnologia com Débora Fernandes, engenheira de software da Revelo.

1. Como foi sua formação na área de tecnologia e como descobriu essa vocação?

O início da minha carreira em tecnologia foi pouco convencional, pois começou em uma empresa de regularização de imóveis onde trabalhava no departamento financeiro.

Quando necessário chamava uma empresa terceirizada para cuidar da rede da empresa. Por curiosidade, sempre que essas visitas aconteciam, eu fazia várias perguntas sobre como era o funcionamento dos computadores em rede.

Principalmente, fazia perguntas sobre como identificar soluções e certos tipos de problemas. Em pouco tempo, passei a solucionar esses problemas sozinha, sem precisar chamar a empresa terceirizada.

Quando percebi ter aptidão com tecnologia, me inscrevi em um curso rápido do Senai relacionado com a experiência que eu já tinha: Administração de Redes de Computadores em Active Directory. Deu match!

Minha primeira vitória na área de tecnologia foi no exame final deste curso. Eu fui a primeira a ligar os computadores em rede, enquanto levava mais de 10 minutos para que o segundo aluno conseguisse ligar também. 

2. Quais desafios enfrentou no início da carreira?

Quando decidi fazer uma faculdade, prestei o ENEM e, entre os cursos de Jogos Digitais e Sistemas de Informação, escolhi a segunda opção. 

Nos primeiros semestres da faculdade, eu tive contato com muitas outras áreas de tecnologia: BI, Desenvolvimento, Banco de Dados e Projetos.

Na faculdade, logo me encantei com programação, mas tive muita dificuldade em entender o básico!

Precisei estudar muitas horas, até que finalmente minha mente conseguisse assimilar como o pensamento devia se formar para programar. Até hoje, penso que aprender o básico, seja talvez a parte mais difícil dessa área.

Logo, montei um computador baratinho onde estudava todas as horas que fossem possíveis na semana e aos sábados, além da faculdade. Tive a sabedoria de aproveitar os domingos, para a minha mente ter um alívio para fixar os aprendizados.

Além disso, em casa não lidava bem com ter que parar de estudar para fazer comida e cuidar da casa. Eu fazia, mas me rebelava, e fazia o mais rápido possível e o mínimo.

As desenvolvedoras enfrentam alguns obstáculos que os homens não enfrentam. Cada uma delas, na realidade do ambiente em que vive, são diferentes graus de transposição.

Nunca pense que a falta de ocupação feminina na área de tecnologia é por falta de interesse, se você não está na pele de uma mulher que enfrentou obstáculos e teve menos oportunidades.

3. O que poderia ser feito para a inclusão de mais profissionais mulheres na área de tecnologia?

Muitas coisas já vêm sendo feitas pelas comunidades, relacionadas às oportunidades de estudos. Já temos inúmeros projetos para que as mulheres tenham o primeiro contato com a área de desenvolvimento. 

O que ainda precisa ser consolidado, é encontrar uma forma de estruturar a área de tecnologia, para ter mais vagas para que os profissionais que estão começando consigam ter a primeira experiência profissional. 

Em todas as empresas que trabalhei, tenho visto muitas mulheres trabalhando em outros departamentos, que têm interesse em trabalhar com tecnologia. Mas, não veem uma chance para trocar de área na empresa e, por isso, não sabem por onde começar. 

Acredito que os gestores de tecnologia poderiam abrir processos internos para preencher algumas vagas, ao invés de procurar profissionais no mercado (ou externos).

4. Em termos técnicos, quais tendências estarão em alta para área de tecnologia em 2021? 

Com o trabalho remoto cada vez mais consolidado em nossas vidas, as linguagens de programação web e mobile nunca foram tão relevantes como em 2021.

Por exemplo, Javascript, mais especificamente TypeScript, Ruby, C++/C#, PHP, Python, Kotlin, Android, Swift, IOS e Flutter, mobile híbrido estão e se manterão em alta. Nessa lista, tem aprendizado para todos os gostos, além de muitas oportunidades!

5. O que mais motiva você a trabalhar na área de TI?

Acredito que todo mundo gosta de realizar coisas. A área de tecnologia proporciona essa oportunidade: transformar uma ideia em algo factível! 

Seja para ajudar pessoas com necessidades específicas, ajudar negócios a se expandirem, como também a gerar mais oportunidades de emprego.

Pois, tudo se resume a pegar um sonho e transformar em realidade. Sem dúvida, isso é o que me inspira todos os dias.

6. Quais são as linguagens de programação que você prefere e por quê?

Sou apaixonada por Ruby, e pelo seu framework mais conhecido, o Rails. É fácil, você precisa escrever pouco e já entrega seu trabalho, o que proporciona mais tempo para me desenvolver em outros pontos/áreas, além de participar de outros projetos.

7. Quais pontos fortes as mulheres podem trazer para a área de TI?

Um estudo feito pela McKinsey mostra que a diversidade de gênero está diretamente ligada à performance financeira, empresas com diversidade de gênero têm cerca de 15% a mais de retorno financeiro.

Na tecnologia, essa vantagem se reflete em produtos e serviços com funcionalidades mais assertivas e com interesses de uma gama de público maior.

Além de times performáticos, que evoluem constantemente através de trocas de experiências técnicas e de vida e, assim, tomam decisões técnicas mais relevantes.

8. Quais conselhos você daria para as mulheres que estão começando na área de tecnologia?

Tenho três conselhos de ações que estão ao alcance para quem está começando:

Em primeiro lugar, faça simulações de entrevistas com pessoas conhecidas, para enfrentar o medo de participar de processos seletivos.

Em segundo lugar, planejar uma rotina de estudos equilibrada, ter foco em um ou dois tópicos por semana, ler e colocar em prática o que aprendeu, mas não exceder o próprio limite de horas saudáveis de estudo.

Senão ao invés de fixar o conteúdo, a ansiedade pode te dominar e atrapalhar seu desenvolvimento.

O terceiro e não menos importante, lembre-se de que você não está sozinha, encontre representatividade na comunidade de desenvolvedoras.

Nesse link tem um repositório com algumas dessas comunidades. Falo mais sobre isso nesse post que fiz para o dia da mulher.

9. Quais conselhos você daria para empresas que desejam levar mais diversidade para a área de tecnologia?

Imagino que o melhor caminho seja a área de Tecnologia das empresas começarem a abrir seus processos seletivos internamente.

Como falamos anteriormente, temos mulheres trabalhando em outras áreas nas empresas, mas que gostariam de trabalhar com desenvolvimento na mesma empresa, e essa situação pode ser estendida a outros tipos de diversidade também.

Da mesma forma, poderiam promover a diversidade criando oportunidades para pessoas que estão começando na área, ao mesmo tempo, já têm algum domínio do negócio por estarem inseridas no contexto do dia a dia.

Dessa forma, será possível diminuir o impacto no negócio em abrir vagas juniores, que é uma das dificuldades que as empresas têm para preencher vagas com perfis mais diversos.

10. Qual seria uma mensagem de incentivo para as mulheres que desejam trabalhar com TI?

Antes de mais nada, esqueça o papo de que você precisa ser boa em matemática para gostar de tecnologia.

Na área de TI você terá a possibilidade de trabalhar com diversas frentes diferentes, sejam funções, tecnologias ou negócios. Além disso, poderá trilhar uma carreira dentro de um mercado que se mantém aquecido e que oferece opções reais de crescimento e reconhecimento profissional.

Então, se você gosta de resolver problemas, essa área pode ser para você. Afinal, lugar de mulher é onde ela quiser! 

Quer entrar na área de tecnologia?

O Revelo UP e a escola de programação Ironhack, se juntaram para oferecer bolsas de estudo para mulheres que desejam fazer cursos na área de tecnologia.

Aproveite e participe da iniciativa, mas corra, pois as inscrições vão até o final de março!

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