Nos últimos dois anos, o trabalho remoto cresceu de uma forma jamais vista no Brasil. Milhares de empresas normalizaram esse modelo de trabalho devido a pandemia do Covid-19. Entretanto, em 2022, muitas delas retornaram com suas atividades presenciais.
Nesse sentido, o que os profissionais de tecnologia, já acostumados com a rotina de trabalho remoto, acham da volta ao escritório?
Os colaboradores querem voltar a trabalhar presencialmente? Para eles, qual é o modelo de trabalho favorito? Será que os profissionais trocariam de emprego caso o emprego atual volte às rotinas no escritório?
E o que pensam as empresas? Preferem o regime de trabalho físico ou remoto? Sentem diferença no engajamento dos colaboradores do modelo presencial para home office?
Em 2021, a Revelo realizou uma pesquisa com os profissionais da área de tecnologia sobre o retorno às atividades presenciais. Para entendermos o cenário de 2022, aplicamos novamente a pesquisa com profissionais de tecnologia — em sua maioria desenvolvedores — e também com empresas parceiras, durante os meses de setembro e outubro, na qual recebemos mais de 530 respostas.
E neste artigo vamos compartilhar alguns dos principais insights do nosso relatório tanto do ponto de vista dos profissionais de tecnologia como das empresas:
A visão sobre trabalho remoto pela ótica dos profissionais de tecnologia.
Como mencionado, a pandemia da Covid-19 trouxe importantes mudanças na forma como nos relacionamos, consumimos e trabalhamos. Dentre elas, o trabalho remoto veio para ficar, principalmente entre os profissionais de tecnologia.
Fato esse que percebemos que durante a pandemia, 83,6% das pessoas trabalham remotamente, sendo que apenas 9,3% aplicaram o modelo híbrido (misto da jornada de trabalho presencial e remota) e 7,1% mantiveram as atividades de forma presencial, pois havia uma necessidade de manter protocolos de segurança e diminuir a circulação de pessoas a fim de evitar a contaminação pelo vírus. Isso possibilitou um aumento de 434% no modelo de trabalho remoto.
No entanto, mesmo após a retomada das atividades, 73,4% dos profissionais responderam que estão trabalhando no modelo remoto, ou seja, somente 12% a menos do que durante a pandemia. Seguido por 16,4% no regime híbrido, que representa 80% a mais que durante a pandemia e uma minoria de 10,2% que estão trabalhando de forma presencial.
Além disso, quando questionados qual o modelo preferido dos profissionais notamos que o trabalho remoto segue relevante, já que 83,4% dos profissionais votou nele como modelo preferido e 40,4% consideraria mudar de trabalho caso a empresa voltasse 100% ao presencial.
No entanto, nem tudo são rosas, de acordo com os profissionais entrevistados, apesar dos benefícios que o trabalho remoto trouxe – como economia no tempo de deslocamento (25,7%), maior flexibilidade no dia a dia (21,4%), trabalhar em lugares e cidades diferentes (16,6%), ambiente favorável a concentração (11,5%) e ter mais tempo com a família (11,2%) – o trabalho remoto ainda proporcionou um afastamento entre as pessoas. Isso fica muito claro quando vemos que as principais respostas do que não é positivo no trabalho remoto são:
- Distanciamento físico com outras pessoas (26,4%);
- Falta de conexões mais “leves”, principalmente em tomar um “cafezinho” com os colegas de profissão (23,3%);
- Não conseguir desligar 100% do trabalho (12,1%);
- Trabalhar além do horário (11,7%).
Fato é que o trabalho remoto possibilitou uma descentralização da mão de obra possibilitando uma melhor distribuição pelos estados Brasileiros, como mostramos no nosso Relatório de Profissionais de Tecnologia do Brasil. E esse dado volta a se confirmar neste relatório, quando vemos que na pesquisa que a maioria dos entrevistados não mora na cidade onde trabalha (59,8%) e somente 40,2% mora na mesma cidade onde trabalha.
A visão sobre trabalho remoto pela ótica das empresas.
Diferente da pesquisa realizada em 2021, esse ano a Revelo entrevistou também as empresas, para mapear quais são as preferências delas sobre esse modelo, obtendo insights de cerca de 40 empresas.
Nestes resultados conseguimos observar que mesmo que o trabalho remoto seja a preferência da maior parte dos profissionais que atuam hoje no mercado de tecnologia, grande parte das empresas possuem muito mais vagas híbridas ou remotas do que presenciais:
A grande maioria (62,5%) das empresas pretende abrir mais de 6 vagas remotas ainda este ano.
No entanto, 35% das empresas que estão oferecendo vagas com esse formato de trabalho ainda sentem dificuldades em encontrar profissionais que tenham o perfil para esse modelo, e o principal motivo é a falta de interação e conexões desses candidatos com a empresa.
De qualquer forma, o trabalho remoto se mostrou muito eficaz, sendo uma tendência que tende a perdurar por bastante tempo, já que, quando solicitados a atribuir uma nota de 0 a 5 ao rendimento nos modelos de trabalho (sendo que é 0 igual a “muito ruim” e 5 é igual a “muito bom”), o trabalho remoto foi o que mais obteve pontuação 5.
Conclusão:
Conforme identificamos o trabalho remoto veio para ficar, conquistando a profissionais e recrutadores e funcionando muito bem, principalmente em carreiras como a dos profissionais de tecnologia. No entanto, é importante pensarmos em interações com o time até para as relações interpessoais não se perderem – encontros presenciais esporádicos podem ser uma alternativa nestes casos.
Fora isso, oferecer modelos de trabalho flexíveis e híbridos ou mesmo remotos passa a ser um diferencial necessário para as empresas que querem se destacar perante ao mercado tão concorrido como o de tecnologia.
Dica Bônus:
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